O segundo dia de desfiles do Rio de Janeiro teve como lance marcante o imponente desfile da Mangueira, que preferiu atrasar o final do desfile do que se apressar, para não prejudicar a inovadora apresentação de duas baterias. Beija-Flor, Vila Isabel e Grande Rio foram outras destaques.
Agora, quem chamou atenção pelo seu enredo foi a São Clemente, que falou sobre as telenovelas brasileiras e o horário nobre da televisão. Grandes produções foram lembradas na avenida, como "Roque Santeiro", "Saramandaia", "Vale Tudo", "Tieta", "O Clone", "Cordel Encantado", "Avenida Brasil", entre outras, retratadas na comissão de frente, liderados pelo personagem principal de "O Astro". A bateria tinha duzentos ritmistas que representaram o personagem Crô, em "Fina Estampa", interpretado por Marcelo Serrado, que também participou do desfile. Foi um show a parte.
A seguir, veio a Estação Primeira de Mangueira, inovando com duas baterias, além de suas "paradinhas". A escola, que falou sobre Cuiabá, empolgou com seus 500 ritmistas e levantou a arquibancada, mas teve que correr contra o tempo, ou não, para não atrasar o fim do desfile. Estouraram o tempo limite em 6 minutos, o que acarretará na perda de pelo menos 0,6 pontos na apuração de amanhã. Apesar de tudo, foi um desfile brilhante, que rendeu a escola o Estandarte de Ouro, concebido pelo jornal O Globo (leia mais abaixo).
Depois de uma gigante, veio outra. A Beija-Flor de Nilópolis falou sobre a raça brasileira dos cavalos, o mangalarga machador. Explicou o surgimento dessa raça, em Minas Gerais, e momentos marcantes da história do animal homenageado. Tudo isso com alegorias coloridas e luxuosas que encantaram ao público. A letra pegajosa, cantada por Neguinho da Beija-Flor, também colaborou com a perfeita harmonia. Como sempre, candidata ao título.
Outra que surpreendeu foi a Acadêmicos do Grande Rio, que falou sobre os royalties de petróleo, tema incomum em desfiles. E levou o enredo ao pé da letra, manifestando a defesa pela manutenção desses royalties no Brasil, fazendo um desfile cheio de detalhes. Chamou mais atenção um dos carros alegóricos, que representava um heliporto. Na comissão de frente, robôs tecnológicos comandaram o desfile.
Com enredo sobre o Pará, a Imperatriz Leopoldinense agradou com suas fantasias muito ousadas, mostrando a povoação indígena, a riqueza do ouro e da borracha, além do gênero musical tecnobrega, hit dos últimos anos. Artistas paraenses como Fafá de Belém, Dira Paes, Elymar Santos, Gaby Amarantos e Beto Barbosa marcaram presença representando o Estado homenageado, merecidamente.
Ganhadora do Estandarte de Ouro do ano passado, a Unidos de Vila Isabel foi um show a parte e também mereceria o prêmio desse ano. Com um enredo sobre a agricultura, simbolizando em um carro abre-alas o trabalho duro e o sol forte, uma verdadeira representação da vida agrícola. Um boneco agricultor segurando feijões também foi destacado pela escola, cujo co-fundador, o cantor Martinho da Vila, faz aniversário hoje.
A apuração do carnaval carioca acontece amanhã, prometendo uma disputa emocionante, décimo a décimo.
ESTANDARTE DE OURO
O jornal O Globo divulgou hoje a relação de vencedores do tradicional prêmio. Para uma boa surpresa, a Mangueira ganhou como melhor escola, reafirmando sua luta por ganhar mais um campeonato. O último Estandarte foi em 2002, coincidentemente, ano do último título mangueirense, ainda com o saudoso Jamelão como cantor.
A escola ainda ganhou como melhor porta-bandeira e ala das baianas.
Outra agremiação que faturou prêmios simbólicos importantes foi a Salgueiro, que venceu com comissão de frente e enredo. Neguinho da Beija-Flor, mais uma vez, ganhou como melhor intérprete.
O mestre-sala da Imperatriz Leopoldinense foi condecorado o vencedor da categoria. A Portela ganhou como melhor bateria. Vila Isabel venceu com samba-enredo, e União da Ilha levou o "melhor ala".
Surpreendeu o fato da Unidos da Tijuca não ganhar nenhum prêmio, mesmo sendo considerada aspirante ao título.
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